quinta-feira, dezembro 28, 2006
La viLLe ECLéTIQuE
domingo, dezembro 10, 2006
1:40 da manhã. 10 de Dezembro de 2006. Olho para o relógio para confirmar… Engraçada a coincidência de ser a mesma hora na qual a minha mãe teve a primeira das dores mais felizes que uma mulher pode ter, dizem elas. Acredito. Apercebo-me também que faz hoje 25 anos e 4 dias a minha concepção genética. Apercebo-me uma vez mais que é quando chega a hora de dormir que normalmente sou assaltado por pensamentos que me tiram o sono, que é afinal, por vezes, uma desculpa para parar de estudar. Vendo as coisas de uma forma simplista, temos três tipos de neurónios: sensitivos, motores e pensadores. Ora, quando nos deitamos, os dois primeiros são os que mais rapidamente hibernam, salvo se houver desajustamento de luz, som, temperatura, alguma sensação táctil da cama menos confortável ou dor física ou moral (= a tristeza, componente da depressão, segundo os psiquiatras). (Corrijo: não quando nos deitamos, mas quando queremos dormir, porque o deitar… Vocês sabem, minhas malandras e safados… Pode ter muitos objectivos ;) Portanto, os centros de controlo de informação ficam praticamente apenas sujeitos à ligação que detêm com os neurónios pensantes. Daí recorrentemente ‘a almofada ser a melhor conselheira’? ou o ‘dormir de consciência tranquila’? Atente-se aos substantivos e não aos adjectivos, porque a intenção é enfatizar o momento irónico do acordar da mente para o seu interior, não tanto o eufemismo que se tenta imprimir-lhe. É frequentemente nesses momentos que sentimos a insónia do dia e dos anos, porque o deitar é como o cair no vazio, no qual o tempo é DIFICILMENTE DISTRAÍDO com a pop star que pintou o cabelo (99,999% da população mundial é careca, querem ver?, ‘prontes’, ok… eu sei! para me sentir bem, tenho que ser aceite pelo semelhante, o que implica aderir às modas, ser camaleão, certo?), a vizinha libidinosa que i-i-i-i-i-i-i (é das poucas que não é assexuada, a sortuda?) - ‘Amiga, já compravas os amortecedores para a cama, não? Bah! Depois, lá se vai o meu entretimento frustrado nocturno e a cusquice matinal no café’-, a discussão de 20 minutos (vejam bem que até estava com pressa) com a senhora das finanças que se arrasta nas burocracias, o acidente que faz parar o transito e o passeio, o padre que olha a perna da paroquiana ou o enchimento das calças do acólito (felizardos do mentor e menor espirituais que não são capados e do primeiro que gosta de peixe e de carne) enquanto as beatas procuram a que entre elas se vestiu pior para a seguir fazer a tertúlia da missa no café ao lado da igreja, o silêncio dos passageiros que ensurdece no seio do barulho do motor do autocarro (excepto nas visitas de estudo da escola, ainda que o autocarro seja de 1900 e troca o passo), o funeral ponto de encontro social, a boazona que passa na rua e que temos vergonha de abordar, o almoço, o lanche e o jantar e o jantar e o lanche e o almoço, o chato do professor e do chefe, a inflação, o político de Esquerda que defende a liberdade de pensamento, mas que ostractisa o de Direita, que por sua vez como bom proclamador dos valores católicos, faz festinhas nos meninos do parque… E isso, e isto, e aquilo… E porquê? ‘Não, não! Ele também disse! Ele também fez!’ Afinal, pensar e fazer mais do que dar trabalho é muitas vezes como tocar na ferida [mas qual dos males o menor? Tocar na ferida ou infectá-la e entrar em septicemia (infecção generalizada por via sanguínea)?]. Então, protela-se, delega-se, não raramente, a nossa vida no outro, na corrente, na ilusão de que nos desresponsabilizamos, triunfando assim numa leveza existencial relativa. Puro MEDO de nos sentirmos RESPONSÁVEIS, NÓS PRÓPRIOS, pelas nossas ideias e actos. Pura ilusão: mais cedo ou mais tarde, bate a CULPA DA VERGONHA E DA FALTA DE CORAGEM de sermos AUTÊNTICOS, de sermos felizes (bem, a não ser que prefiramos o masoquismo). Ou seja, a septicemia. Tudo porque arranjou-se sempre uma desculpa para tocar na ferida e tentar curá-la. Vai-se tratando os sintomas (quando se trata) e não a causa. Medicamento sintomático: distracções dos neurónios sensitivos (não tanto dos motores, porque estes são a grande expressão dos pensadores, além das acções quotidianas quase automáticas… time entretainers, lá está). Meros amortecedores existenciais! Bem sei que se te meteres com a boazona na rua, podes passar uma… Vergonha? De ter hormonas e desejo sexual? A não ser que não gostes de sexo… Ou que tenhas medo de levar um não. Ah, se calhar é melhor ir bater p*nh*tas para casa e pensar na loira em vez de lhe tocar. Ou a rapariga que todos os dias te serve um café e te enche a alma. Que desonra… Gostar de alguém! Numa aula, calas-te diante um professor com medo de errar? Se for bom professor, quem tem de ter medo de errar é ele. Tu é que estás lá para aprender com… Ele! A não ser que só te interesse a nota, ou seja, a forma e não a essência (bem podes ter a média no papel para uma empresa, mas se não a tiveres na prática e no carisma de te adaptares mas também de surpreenderes, bem te podes congratular de engraxar sapatos a professores e chefes… Parabéns! O part time como engraxador, as horas de marranço e o certificado de notas servem de papel higiénico!). Bem sei que bateres na mesa do chefe te pode despedir (depende do chefe). Deve ser melhor, daqui a uns anos, olhares para trás e aperceberes-te que perdeste o teu tempo a lamber botas e a sobreviver com trocos em vez de teres tentado descobrir um caminho melhor. É esse o exemplo que queres dar aos teu filhos? Acredita que eles tomarão mais como modelo as entrelinhas dos teus actos do que o esforço falado do teu discurso. E os trocos dificilmente alguém te tira, a não ser que tenhas medo de trabalhar. Queixas-te do governo e do andar das coisas? E que tal sentires-te como parte activa e responsável de um todo que é a sociedade? Estás apaixonado pelo teu colega de trabalho? Deixa lá… A tua mulher fica mais contente quando chegas a casa com odor duplo de Homem! Bem… Já os maridos e o odor duplo de mulher… lol Não defendo a mania constante de chocar, demonstrando ser ‘pseudo-diferente’… Mas ninguém é gratuito e todos acabam por pagar as suas facturas, com mais ou menos juros…
PS – Resumindo e baralhando, o tempo é o que mais de valioso temos, tão valioso que temos medo dele… Um copo com pedras… Está cheio? E se tentares pôr grãos de areia? Pleno? Que tal adicionar água?
Jarros e perpétuosamores
Que fiquem perto da esplanada de um bar
Pássaros estúpidos a esvoaçar
Adoro as pulgas dos cães
Todos os bichos do mato
O riso das crianças dos outros
Cágados de pernas para o ar
Efectivamente escuto asconversas
Importantes ou ambíguas
Aparentemente semmoralizar
Adoro as pêgas e os padrastos que passam
Finjo nem reparar
Na atitude tão clara e tão óbvia
De quem anda a engan(t)ar
Adoro esses ratos de esgoto
Que disfarçam ao pilar
Como se fossem mafiososconvictos
Habituados a controlar
Efectivamentegosto de aparência
Imponente ou inequívoca
Aparentemente sem moralizar
Efectivamente gosto deaparência
Aparentemente sem moralizar
Aparentementeescuto as conversas
Efectivamente sem moralizar
Efectivamente….sem moralizar
Aparentemente…semmoralizar
Efectivamente
quinta-feira, dezembro 07, 2006
sábado, dezembro 02, 2006
Capítulo II
Vintes de Outubro. Quase. Segunda-feira. Se a memória não me falha. Uma mão de dias após o ‘bref rencontre’. São umas 13 horas. Estou junto a uma janela. Uma Francesa. À direita. Está diante do secretariado do grand maître. Acho. Sentada. Curiosa. Descarada. Não muito. Não sei para quê. Nem porquê. Sétimo andar do Gaston Codier. Após uma manhã de estágio. Na Ortopedia do Prof. Yves Cantonné. Com a Louise Bertoux. Não muito simpática. Para já. (Chérie, os Tugas não mordem! Logo.) Admiro a paisagem Parisiense. Em especial a bela cúpula central da Pitié Salpêtrière. Procuro o Sacré Coeur. Sem sucesso. Algumas nuvens. Ainda não faz muito frio na rua. Sinto um leve êxtase. Contraste com algum frio de barriga. Próprio de quem ainda se adapta. Mas se sente… Muito leve. Feliz! Pim… O elevador chegou… Ooops! Segundo pim! Espera! É diferente… E não é prrrrriiiiiiiimmmm…. Algo que vibra no bolso. E faz um leve rrrrrrrrr. Em frente do secretariado do grand maître. Ah, és tu! Nem sempre me lembro de ti. ‘Mon chien, le portable’. Porra! Bem lhe mostro o tuli creme. Mas não obedece. Quem sabe os 69G? Volta, Sade. Estás perdoada! Ele só se me segue. À força? Talvez. Cá, ‘les chiens qui suivent les médecins’. lol Acho que seja apenas uma piada. Afinal, somos os externos que permanecem e se integram no serviço durante três meses. Escrevem nos diários clínicos. Fazem bancos de 24 horas. Participam nas operações. Não são meros estudantes de Medicina. Alvos de invejas de alguns enfermeiros e outros profissionais de saúde. Empatas de médicos. Se não for piada, experimentem, Vossas Excelências Les Frrrancius, segurar algumas paredes de alguns estágios Tugas. Volto para junto daquela montra Parisiense. ‘- Ouai? Allô?’ ‘-Oui, allô! C’est Marie Janine!’ (ah, mana, sempre te lembraste). Pim três. Sorriso de gato que engoliu o canário. Como quem diz: de orelha a orelha. Bem. Não tanto. Mas quase. Sorriso tímido. Diga-se. Por que telefonará uma Jurássica Frrrraaaanciu a um Gatinho Tuga? Bem. Não há-de ser nada. (Deixa-te de ter esses rasgos inicias de timidez, meu! Tens de integrar e conhecer os frrrrancius. A velhota até pareceu bem simpática. Nunca ouviste dizer que primeiro estranha-se e depois entranha-se? E para confiar desconfia-se. Ya, pá… É só o interruptor. Adoro a luz). Voz característica do outro lado (não sei como descrever, só imitar; para quem quiser ouvir são 10 euros cada imitação… isto se quiserem ajudar aqui o vosso amiguinho e evitar que ele vá dar o bum bum para Pigalle lol): ‘Deixei o bloco aberto para não perder o seu número.’ ‘- Eheh’, recidiva de riso tímido Tuga. Retorque a voz: ‘-Então, telefono-lhe para que venha ver as minhas gravuras como combinámos. Interessa-lhe?’. ‘-Biensûr’. ‘- Mas antes gostaria que viesse ao meu apartamento a Montparnasse para apreciar a vista sobre toda Paris’. Bochechas vermelhas (Sim, Bolchevique, Leninista, Trotskiano, Lobisomem Estalinista de pseudo-tias fanhosas da linha. Só as vestidas de ‘encarnado’. O que é teu é meu, mas o que é meu não é teu. F*d*-te! lol). Será do aquecimento do Hospital? A Frrranciu da direita fica mais descarada. Espeta o olhar. (Ooooops! Acho que ela está negativamente espantada com o meu linguajar Frrrrrrrranciu. Ou será das bochechas? Se calhar fui assaltado pelo ar de Comuna. Bem, o melhor é enfiar-me no canto junto da janela, atrás das plantas. A vista relaxa. Estou mais protegido de qualquer outro olhar Frrrranciu curioso que passe. Fico mais à vontade para falar com a doce velhota, sacadora de ‘carnets’). ‘- Então, quando pode?’ (Bem, esta semana, ainda não tenho muitas aulas à tarde). ‘-Hummm… Amanhã à tarde é bom para si?’ ‘-Hummm… Sim, por volta das 14?’ ‘-Ouai, c’est bien pour moi’. (Tiro o bloco e a caneta para apontar. Antecipo-me ao próximo passo: a morada). ‘- Boulevard de Montparnasse’. ‘-Ouai…’ ‘- Vindo da sua casa, apanha a Boulevard de Port Royal, junto de Gobelins. E é o número 169’. (Que o número não seja mau presságio. Eheheh) ‘- O código para entrar é o… (bem, até tenho direito ao código… Lobisomem Estalinista, mas chique, ahn? ;) E depois sobe até ao oitavo andar’. (Oitavo? Bem, já imagino a vista :) Repito tudo. Com medo de que o Frrrrranciu me tenha falhado. ‘-Oui, c’est ça’. ‘-D’accord’. ‘- À demain’. ‘- À demain, à 14 heures’. (Bem, onde te vais meter? Velhota sabichona e marota? Faminta de chicha tenra? Naaaaa… Não tinha ar de quem faça esquemas de amarrar cândidos e inocentes meninos à parede. Vai ser fixe! :)
terça-feira, novembro 21, 2006
Sonho despertado
Incógnito conhecimento
Sentido sem tocar.
Ter sem possuir
Um gozo contido
Que aproxima e desanda.
Ver observando
Braços que batem asas
Pernas que se cravam.
Na liberdade que se amarra
Ouvir escutando
A voz que grita amordaçada.
Beijo entornado
Desesperado, escondido
No alento de um abraço atrapalhado.
Sementes
Regadas e criadas
No cais atiradas ao vai e vem.
Mergulho na gema da terra
Queda para o céu fechado
Trampolins sem rede.
Dor
Amiga sincera
Fere para salvar.
Despido e chicoteado
O alvo na cruz
Pela rusga resgatado.
Rosa sem pétalas
Beleza gasta
Poupada a essência.
Na aparição de um ponto
Universo absurdo de significados
O tempo tropeça por minutos.
Almas de barriga vazia
Não famintas de si
Sedentas de um sonho passado.
Hoje armadilhado
Nas memórias de um futuro
Para sempre amedrontado?
Culpa da paixão
Gaiola sem pássaros
Fugaz gaiata
Do encontro fortuito
Entre a montanha russa
E o grego pathos?
Ou todos os caminhos
Vão dar a Roma
Porque são difíceis
Mas valiosos espelhos
Dos trilhos da corrente
Amor?
Coração sóbrio…
Pipo (Novembro 2006)
sábado, novembro 11, 2006
quinta-feira, novembro 09, 2006
Antes de partir, durante a partida e mais desde que cheguei e, como é normal, chovem as perguntas de amigos e conhecidos de como está a ser a experiência Parisiense, de viver, e em Erasmus, porque de ‘vacanças’ (lol) é um outro domínio. Normalmente, falta-me o tempo e as palavras para conseguir transmitir algo que, que sendo uma novidade escolhida, reflecte por si à priori algo de muito bom, algo onde 30 minutos de diferente corresponde a 2 horas de algo por norma mais banal, do quotidiano e do quotiano (existe? O dicionário do Word diz que não. Bem, siga a marinha). Podia falar disto e daquilo, e daquilo e disto, mas felizmente que todos nós de uma ou outra forma já experimentamos as tais 2 horas em 30 minutos, porque seja em Paris, seja em Lisboa, seja no Coiro da Burra, cartas baralhadas e novamente distribuídas, acaba por dar tudo no mesmo, porque as pequenas aparições existem por todo o lado. Apenas o valor que lhes atribuímos depende da nossa motivação e atenção (e mesmo assim…) que, por sua vez, têm raízes num complexo esquema de condicionantes. Fugindo agora para algo menos racional… Apesar de não constituir propriamente o espírito do blog o que a seguir se narra e descreve, decidi partilhar uma experiência muito pessoal por forma a tentar colmatar as minhas contingências em relação a descrever ambientes que ao absorvermos pela pele, pelos ouvidos, pelo nariz, pelos olhos, pela língua? (lol)… se tornam difíceis de ser emanados por palavras. Isto sem esquecer que são essencialmente as pessoas que compõem/constróem o nosso ambiente (humano) . Por isso, decidi partilhar ambientes, situações, fora dos lugares mais ou menos comuns de quem está fora, que tive com uma pessoa, sem menosprezar o êxtase perante tudo o resto que no envolve e nos faz despertar os sentidos de forma tão ecléctica quanto perene: a música que toca na esquina; os olhares que se entrelaçam na rua; a velhota do banco da frente que ri espontaneamente; o puto que desata às piruetas; a roupa que se veste porque faz frio ou calor; a dança espontânea de Domingo à tarde à porta de casa em bairro intimista; a bicicleta que trava a fundo, porque senão bate-se no carro, porque se ficou a olhar para o lado (e que lado! Eheh); o tuga que se encontra na rua e que parece alguém do outro mundo; o senhor do mercado de rua que vende a baguete; o ‘Mésié Sooouuuuuáááááárrrrrrrrreeeeeeeezzzzz (lol); a professora de Francês que descreve o bobo Francês de um ponta à outra (e claro, os dois tugas da aula que quase são postos na rua… há coisas que nunca mudam! LOL); a primeira doente ‘Frrranciuuuu’ que na primeira visita começa a cantar a ‘Grândola, Vila Morena’ e passados dois dias foge do hospital (espero não ter culpa LOL); a Japonesa que inocentemente aprende a dizer AIDS na sua língua (ir-ao-cu-mata LOL); ‘le foie que tombe et la fête que monte, mais la rate e le grêle sont bien, merci’ lol;… os Tugas, os Franceses, os Italianos, os Espanhóis, os Mexicanos, os Gregos, os Alemães, os Ingleses, os Checos, os Árabes, os Suecos, os Americanos, os Brasileiros, os Africanos... Alors, voilà:
Capítulo I (o primeiro episódio interessante da novela? E depois, o clímax jamais mais chega?)
Meados de Outubro. Rendez vous com o Mr. Maxime Lacoste, da agência, para buscar a chave da nova casa. Algum tempo disponível. Vou ao Monoprix. Comprar um caderno de apontamentos para o estágio. Chego às devidas prateleiras. Depois de ter vasculhado alguns produtos e preços. Encontro uma velhota junto das prateleiras. Parece ter quase 80 anos. Baixa. Agasalhada. Tipicamente Parisiense. Em bicos de pés. A sacar muitos dos blocos. Como que uma criança que se estica para conseguir alcançar o rebuçado que está em cima do balcão da cozinha. Oooops! Sobrará para mim? Um? Apenas um? Quantos quererá ela? Não vou ser indelicado e gamar um bloco à doce velhota! LOL Bem… O Bom Samaritano começa a ajudar a dita senhora. Quando ela diz que precisa de 50 blocos! Piiiiim!!! Sorriso maroto tuga! Na boa. Tass, gaja. Ajudo na mêma. Tal é essa? Tástapassar? Ainda que me tenham começado a cair blocos dos braços. Braços? Desapareceram, entre os pequenos cadernos! ‘-Ah, mas eu quero pagar-lhe um bloco!’ (‘-Pois, se sobrar algum’… LOL) ‘Não, não é necessário’. ‘-Não, não. Faço questão’. (‘-Ok, o que é um euro e tal para eles? Não vou fazer a desfeita à doce velhota’ – não provei, sublinhe-se LOL). Chegamos à caixa. Os meus braços no apogeu do desaparecimento. Com algumas trocas de palavras no entretanto (mais da velhota, simpática). Alguns dos cadernos eram agendas. Bom Samaritano volta às prateleiras para trocá-las (agora, entra a música do Indiana Jones para substituir a dos Encontros Imediatos). Voltado à caixa. A rapariga dos pagamentos só se ri. (‘-Chulo de velhotas?’, pensa ela? ‘-Tugá gôôôôôôssssstôôôzzzzzoooo, hein?’ Será? Tenho de lá voltar LOL). Tuga vai-se rindo. Também. Velhota vai fazendo ar algo safado. 1, 2, 3, 4, 5… 48 blocos. Menos um que é para mim. Ficam 47 para a senhora. Ah, lá fui percebendo mais ou menos que eram para umas tiragens de umas gravuras. Chegado à rua. Com a senhora. Ela é artista. Faz gravuras (‘-Gravuras? Não gosto muito disso, pá!’). Convida-me para ir ao atelier. É ali perto. ‘- Desculpe, agora não posso’. (‘-Há pouco, sobrava-me tempo; agora, já estou atrasado’ LOL). ‘-Mas se quiser, pode ficar com o meu número de telefone’. (Ah, granda Gerontófilo! LOL). ‘-Biensûr’ (sem entoação de beto Parisiense. Ah, bom!). ’- Vou anotá-lo num bloco. E deixo-o aberto para não perdê-lo’. (‘- Mera simpatia… Não vai ligar’).
sexta-feira, outubro 27, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
domingo, outubro 22, 2006
domingo, outubro 01, 2006
AMOR?
"Encostei o meu braço ao teu e comecei a transpirar. Sentia uma vontade violenta de me desmoronar em ti. Não, não era fazer amor. Fazer amor não existe, porra, o amor não se faz. O amor desaba sobre nós já feito, não o controlamos - por isso o sistema cansa-se tanto a substituí-lo pelo sexo, coisa gráfica, aparentemente moldável. Também não era foder, fornicar, copular - essas palavras violentas com que tentamos rebentar o amor. Como se fosse possível. Como se o amor não fosse exactamente essa metafísica que não nos diz respeito - sofremos-lhe apenas os estilhaços, que nos roubam vida e vontade."
segunda-feira, setembro 18, 2006
quarta-feira, setembro 13, 2006
Morte viva. Vida transbordante. "Meus olhos tão cheios enquanto uma mão oblíqua os não vier fechar"...
Neuchatel, 11 de Setembro de 2006
quarta-feira, setembro 06, 2006
Presque, après le simplement rouge (simply red lol)... Et voilà... Le rouge, le blanc et le bleu! Ou comme on dit: la lumière! :)
Prestes, larguei a vela e disse adeus ao cais, à paz tolhida. Em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar.
Felizmente, ainda há muitas e boas pessoas que ficam... Que 'VÊEM'! :-D
Love me when I'm gone... ???
quarta-feira, agosto 30, 2006
sábado, agosto 26, 2006
Não sei se vivemos na época ou se terá sido sempre assim, até porque a minha consciência 'real e física', base da minha experiência ainda que não absoluta, mas a menos relativa que posso ter, me restringe ao pós estrito ou lato 6 de Dezembro de 1981 D.C. (1- será que posso alegar hemi-consciências do óvulo ou do espermatozóide? 2- cronologia ocidental, cristã?), e não sei se por interesses gerais (leia-se virados para os próprios umbigos na maioria, onde a falta empatia e a intolerância imperam) ou por falta de coragem de assumir o que se quer, o que se é e o que se quer ser, i.e., vergonha perante o outro, cai-se vertiginosamente no bacoco de deitar conversa fora, em que tudo se diz sem nada significar, para que se possa ocupar o tempo e conquistar vãos territórios, não ficar mal visto ou pior nas entrelinhas: 'conheço e dou-me com muita gente!'. Bah! E com estas artificialidades, vamos renegando a nossa própria natureza e entretendo os neurónios e os sentidos, a par da afirmação nas extrínsecas e extemporâneas modas... O que o Homem faz para se entreter no e com o tempo!! :s E, assim, ao iludir-se numa esfera pseudo-cheia, vai cavando ao longo dos anos, um vazio por baixo dos pés, um vácuo em que se enterra, asfixia-se, sucumbe, queixando-se, todavia mantendo os mesmos discursos cheios de nada e as raras acções plenas e concordantes. Afinal, o bom é sair à noite e conversar no messenger (o teclanço ajuda na fuga à veracidade do 'live' e na ilusão de um potencial fantasiosamente vivido), e ser popular, ter a caderneta cheia de cromos, dizer que se fez e se pensa 100, quando se fez e se pensou 10 ou mesmo -100, a ilusão no querer falar falar falar, sem um único sequer pensar a que se junta um 1/3 de ouvir (para aí) = ser Gregano. Até que um dia... PUFF! A frase feita 'não se pode agradar a Gregos e a Troianos' faz sentido! Sim, porque as divergências são inerentes à convivência entre seres, desde os vegetais, nem que seja pela luta na tentativa de supremacia na ocupação de espaço, quanto mais seres capazes de pensar, sentir, inferir, raciocinar... Que mistura! Onde na falta de coragem para ser, se prefere o parecer, a quantidade à qualidade... O GREGANO do politicamente correcto, da moda, do aceite, do circunstancialismo social versus o GREGO ou TROIANO PESSOAIS, sim porque já que não podemos agradar a ambos, que agrademos pelo menos a nós próprios! E não esqueçamos a jurássica: 'a mentira tem perna curta! lol :) Além de que vivemos no mundo do relativo... i.e, existiria a luz sem a sombra e vice-versa?... Ser x só faz sentido perante o y. :)
sábado, agosto 19, 2006
quinta-feira, agosto 10, 2006
De facto, o cosmopolitismo da sociedade portuguesa é especialmente forte no campo do para-normal. Ontem, incumbido de um espírito verde, fui deitar ao apapelão de reciclagem mais de 50 panfletos. É que o professor Bambo (ou será Bambi?), mais o professor Karamba e o professor Kumbaé (que me perdoem os restantes professores "Ka" qualquer coisa eventualmente olvidados...) têm-se dedicado a, dia após dia, deixarem no limpa pára brisas do meu carro mensagens alusivas aos respectivos dotes de grande vidência que, também dia após dia, vou acumulando no porta luvas à espera de oportunidade de deitar fora. No último, um respeitável cavalheiro de origens claramente africanas, propõe uma ajuda “tipicamente africana” para destruir a inveja, os vícios, a impotência sexual e os problemas financeiros. Com consultório em Lisboa, Faro, Porto e Funchal, com um call center (707204488), o professor bambo garante, também, total eficácia por correspondência assegurando a competente e devida resposta em 48 horas. Então ‘tá bem… Mas as tendências cosmopolitas na sociedade portuguesa não se ficam por aqui – aliás, as incompreendidas “Mães de Bragança” que o digam!! Repare-se, para tanto, na página 54 da edição de hoje do Diário de Notícias: desde logo, com destaque em esquadria azul, temos a “atrevida”, safada e “gostosona” (mais um contributo além Atlântico…) que se diz irresistível (presunção e água benta…) e portadora de acessórios eróticos (tel 914558005). Mais abaixo, temos Beatriz, “pitinha”, corpinho sexy e garganta “funda”. Aliás, diz-nos ainda que “por trás” fica louca….pois…mais informações sobre a sua loucura traseira poderão ser obtidas através do 967558539. Duas linhas depois, a “bela Michelle” clama ter um “pinguelinho avantajado” sendo que, com ela, o anal é natural… Afinal de contas, acaso restará ao caríssimo leitor alguma dúvida do teor moderno e cosmopolita da sociedade portuguesa?
domingo, agosto 06, 2006
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
Miguel Torga
PS - E o porquê da associação entre a Madre Teresa e o poema?
sexta-feira, julho 28, 2006
Vergílio Ferreira in Conta Corrente
quinta-feira, julho 27, 2006
O vento entra e faz dançar os engomados cortinados cor de marfim, ao mesmo tempo que me toca a pele e me afaga a face e os braços... Transportando o cheiro do verão, quente, doce e seco...
Então... respiro fundo.... despertando-me o ar fresco do início de um novo dia, contudo quente, levando-me a outros dias quentes, de outros quentes anos.
A brisa da noite sempre despertou o meu lado místico, nostálgico especialmente quando banhada de raios de luar brancos e doces que nem açúcar em pó lembrando partículas de gelo.
Paro e viajo por outros dias em que me senti da mesma forma acarinhada, abraçada por esta deslocação de ar suave e tomo consciência que por cada dia que passa, maior é a importância de cada dia.
Além de ganhar altura, pêlos, celulite, e outras acumulações adiposas em partes específicas do corpo, faz parte do "ser adulto" deixar de ter tempo, de poder ter o luxo de desperdiçar um dia que seja, a fazer simplesmente nada de especial.
Prazos, burrocracias (*), responsabilidades, compromissos, tanto a cumprir e tão pouco tempo!
Saudades das quase eternas férias de verão em que me dava ao prazer de estar um dia inteiro em casa a ser somente inútil, preguiçosa, gulosa...
Hoje em dia, nunca o faço premeditadamente, e irrita-me quando por força das circunstâncias tenho uma vivência assim. Vejo-me imediatamente a fazer contas e mais contas para tentar colmatar tamanho e fatal deslize...
Respiro fundo e sinto mais uma lufada de ar fresco a empurrar os cortinados.... agora mais forte...
Engraçado é que tudo isto se trata de relatividade... À medida que o tempo passa, vamos achando que o que lhe antecedeu é que era ideal, e assim sucessivamente.
O meu olhar petrifica e não posso deixar de ter subitamente o pensamento que à medida que crescemos vamos vivendo menos a vida... Eternos insatisfeitos, sôfregos por algo que não sabemos o que é, só sabemos que queremos subir mais um degrau, e mais outro e mais um monte, uma montanha, e uma escada seguida de uma rampa, sem nunca sabermos com certeza se vai dar a algum lado que nos interesse verdadeiramente.
Não seria melhor permanecer no mesmo sítio e deixar que o destino nos encontrasse..? Não estaremos às vezes a fugir dele?
Nunca saberei a resposta. E como não confio na sorte para ditar o meu destino, continuarei a trepar que nem a cabra da montanha, os rochedos escarpados e perigosos da vida.
(*) - não se trata de erro ortográfico
PS: post publicado simultaneamente no blog Baronesa Vermelha - La Femme Fatale
sábado, julho 22, 2006
sexta-feira, julho 21, 2006
segunda-feira, julho 17, 2006
VERDADE EM ESTADO PURO
Sim, pode parecer um lugar comum, uma balela, filosofia barata, um clichet, mas juro e atiro água benta (lol) em como é verdade:
Watch your thoughts; they become your words.
Watch your words; they become your actions.
Watch your actions; they become your habits.
Watch your habits; they become your character.
Watch your character for it will become your destiny.
terça-feira, julho 11, 2006
Onde estás?Passo o Pórtico Verde e procuro por ti…Onde estás?Houve um sorriso com que uma vez me encaraste que, tudo me dizendo e trespassando-me com cruel frivolidade, me embalou no teu regaço…Queres ir hoje ao cinema? Vamos ver aquele filme..Vem daí!Passo o pórtico Verde, viro á direita…tantas flores….Onde estás?Prometeste caminhar ao meu lado. Para sempre… Fotos nunca existiram porque éramos eternos. Tu, eu, nós, o mundo…Tuas palavras seriam terna e eternamente abençoadas por Cronos, porquanto nem ante o Tempo soçobraríamos. E companheiros seríamos em velhos.Queres ir hoje à Praia? Anda!! Vamos à barrinha!Passo o pórtico verde, viro á direita, tantas flores!, viro à esquerda…uma senhora idosa, de preto, olha para mim…Onde estás?E passeámos em matos verdes de Vida sem que a Morte nos tangesse porque éramos jovens e eu, que em ti vivia, confiava que em mim nunca morrerias. E o vento que gentilmente nossas almas amainava, não nos trazia novas da Eternidade. Lá longe jaziam, calmas, as nossas esperanças.‘Bora jantar fora! Hoje! Ao Gargalo, claro!! Aquela pizza…Passo o pórtico verde, viro à direita, tantas flores!, viro à esquerda…uma senhora idosa, de preto, olha para mim…caminho…tanto mármore! Ele, crucificado, está em todo o lado olhando para mim com evidente rosto de soror…mas onde estás?Apartados nunca estivemos até que teu coração, apertando o meu, apertou-se em ti. E fugiste-me por entre os dedos como a areia daquela Praia…onde a luz tépida de Outono, pronunciando o ocaso, nos concedia a extrema-unção.Anda…vamos passear? Que tens? Tens medo? Do quê?Passo o pórtico verde, viro à direita, tantas flores!, viro à esquerda…uma senhora idosa, de preto, olha para mim…caminho…tanto mármore! Ele, crucificado, está em todo o lado olhando para mim com evidente rosto de soror. Tanto branco, tanta pedra…Encontrei-te!! Ah ...estavas aqui!!! Talhão número 6, Cova número 64…
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PS: publicação simultânea no blog Devaneios Desintéricos
domingo, julho 09, 2006
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? GUARDO TODAS. UM DIA, VOU CONSTRUIR UM CASTELO..."
sábado, julho 01, 2006
Por mim, e por ti, escondi-me atrás de portas abertas, com ambições repletas, que comigo percorresses a terrena essência dos dias e no meu regaço desfalecesse o acre temor dos teus olhos cheios de realidade.
Acreditei, como verdade pura (ah dogma de uma idílica e planeada existência!!!) que a eternidade, a mim e a ti, nos tocava e que tu, ao contrário de mim e dos outros, transportavas a plenitude do Tempo que em cada abraço me confirmavas…
Depois de ti e já sem ti conheci a amarga substância do findar dos sonhos separados de mim pelo mesmo espaço que nos aparta: metro e meio de terra.
quinta-feira, junho 29, 2006
PONTAPÉ DE SAÍDA
Com tantos pontapés por aí (de saída, de entrada; em 2006, em 1969; na Alemanha, na Mongólia; no relvado, no balneário... lol)... Se é pontapé de saída, não sei... Mas talvez uma moldura, deste quadro que vamos pintado, em técnica mista, a neurónio pincelado, ora a preto e branco, ora colado, ora raspado e até borrado, ora impressionista, ora realista, ora surrealista e até movimentista com um milhão de cores... (dah... claro que é o novo plasma da Sony... Worten, sempre!)
PIXÉIS
Somos complexos
Mas (E) o processo de simplificação
É aliciante e gos (cus) toso…
Com o andar da e na vida
E como sinónimo de maturidade
Ganhamos serenidade perante a complexidade
O que significa simplificação.
Vai-se doseando energia,
Arrefecendo o calor
Produzido pela corrente eléctrica
Ao longo das redes neuronais
Do córtex cerebral
E do sangue mais bombeado
Consoante o coração mais bate:
O segredo não está em passar frequentemente
Pelo mesmo ponto através das
Infinitas rectas que o intersectam
Mas agarrar nos pontos
E compor o nosso desenho.
Compor; compor – fazer; fazer- agir…
A acção é inimiga do pensamento:
Enquanto ligam o interruptor
Dos neurónios motores
Os neurónios pensantes distraem-se
E não discutem entre si
Na sua apertada amálgama craniana
De sons, cheiros, toques, cores e formas
Intuições, percepções, raciocínios, teorias
Mas também de emoções, sentimentos, afectos.
Um lirismo hipotético-expositivo-argumentativo
(que palavrão! lol)
Para explicar como os pés e/ou as mãos
(conforme andemos de pé ou de gatas
ou simplesmente façamos)
Acalmam a complexidade explosiva da vida?
Já que com eles o desenho ganha pixéis
E nós perdemos miopia ou astigmatismo
Pelo acréscimo de pontos e
Pela diminuição de rectas num ponto.
(há quem veja ao longe
também aqueles que aproximam a vista com binóculos
há quem não precise de óculos ao perto
e outros que apenas com o tempo…
Ou não…
Processo inversamente proporcional ao número de pixéis!)
Dartacão