PONTAPÉ DE SAÍDA
Com tantos pontapés por aí (de saída, de entrada; em 2006, em 1969; na Alemanha, na Mongólia; no relvado, no balneário... lol)... Se é pontapé de saída, não sei... Mas talvez uma moldura, deste quadro que vamos pintado, em técnica mista, a neurónio pincelado, ora a preto e branco, ora colado, ora raspado e até borrado, ora impressionista, ora realista, ora surrealista e até movimentista com um milhão de cores... (dah... claro que é o novo plasma da Sony... Worten, sempre!)
PIXÉIS
Somos complexos
Mas (E) o processo de simplificação
É aliciante e gos (cus) toso…
Com o andar da e na vida
E como sinónimo de maturidade
Ganhamos serenidade perante a complexidade
O que significa simplificação.
Vai-se doseando energia,
Arrefecendo o calor
Produzido pela corrente eléctrica
Ao longo das redes neuronais
Do córtex cerebral
E do sangue mais bombeado
Consoante o coração mais bate:
O segredo não está em passar frequentemente
Pelo mesmo ponto através das
Infinitas rectas que o intersectam
Mas agarrar nos pontos
E compor o nosso desenho.
Compor; compor – fazer; fazer- agir…
A acção é inimiga do pensamento:
Enquanto ligam o interruptor
Dos neurónios motores
Os neurónios pensantes distraem-se
E não discutem entre si
Na sua apertada amálgama craniana
De sons, cheiros, toques, cores e formas
Intuições, percepções, raciocínios, teorias
Mas também de emoções, sentimentos, afectos.
Um lirismo hipotético-expositivo-argumentativo
(que palavrão! lol)
Para explicar como os pés e/ou as mãos
(conforme andemos de pé ou de gatas
ou simplesmente façamos)
Acalmam a complexidade explosiva da vida?
Já que com eles o desenho ganha pixéis
E nós perdemos miopia ou astigmatismo
Pelo acréscimo de pontos e
Pela diminuição de rectas num ponto.
(há quem veja ao longe
também aqueles que aproximam a vista com binóculos
há quem não precise de óculos ao perto
e outros que apenas com o tempo…
Ou não…
Processo inversamente proporcional ao número de pixéis!)
Dartacão
3 comentários:
Um encadeamento intrigante e certamente aliciante. Teremos poeta? Não serias o primeiro médico a precorrer esse caminho!
Abraço
a forma do poema sugere-me uma reunião de mãos em simpósio, alinhadas e sincopadas a apontar na direcção do infinito, como quem abre os horizontes da mente para preparar o encaixe do poema q s segue...são "manápulas apontantes" ;P
salta-me logo à vista q este poema vem d um aspirante a médico...reúne a complexidade do conhecimento científico com a beleza simplista da humanidade comum, aquilo que todos vêem, todos ouvem, mas nem todos SENTEM.
"É aliciante e gos (cus) toso"...gosto tanto desta frase...lembra-me Magritte, q fala e pinta o sentido oculto das coisas, porque todos os objectos têm o seu reverso, sejam animados ou inanimados...a nós cabe-nos perscutá-lo, inferi-lo, imaginá-lo...só assim poderemos abarcar a sua verdadeira beleza.
também me ocorre o poder das dicotomias...bem e mal, prazer e desprazer e também das incongruências, porque podemos tirar prazer da dor.
"Ganhamos serenidade perante a complexidade
O que significa simplificação." talvez porque é à medida que crescemos q se vai extinguido o furor das emoções avassaladoras, se bem que é bom que elas nunca se extingam...aprendemos a valorizar mais as pequenas coisas, toda a magnificência de um sorriso simples, a riqueza palpável d uma gargalhada ou de um abraço que podemos agarrar e não tanto o sonho inpensado da adolescência que eternamente nos deixa insastisfeitos por ser inalcansável..
o cérebro, um misto de conhecimento e poesia, conceto e abstracto.será que a complexificação se simplifica tanto ao ponto da redução às sinapses,numa reunião de circuitos q configura os pixeis?ou isso simboliza apenas mais uma complexificação?um átomo...é a unidade simples ou apenas uma porta para o mundo mais complexo, que não compreendemos?
o cérebro reúne o poder do intelecto humano.é a origem de todas as coisas, até da realidade, ou da imaginação! como podemos ter a certeza,como?como podemos saber que o que vemos e ouvimos e sentimos é real?talvez seja uma invenção do nosso cérebro...a construcção de um mundo paralelo onde nos refugiamos e donde não queremos sair...o cérebro explica tudo, até a física! sem o cérebro do homem, como se acedia à ciência que supostamente descodifica os mistérios do universo?
(pois claro q eu quero ser neurologista!;P)
depois a noção da coordenção...da importância do espaço e do tempo concreto para as coisas...põe um bocadinho de ti em tudo o q fazes, com brio sairá perfeito...e pode nem ser nada de muito especial, mas é o teu bocdinho. e tu gostarás sempre muito dele.
por fim..."também aqueles que aproximam a vista com binóculos
há quem não precise de óculos ao perto
e outros que apenas com o tempo…" pela capacidade de olhar e não de ver, apenas...por isso e por muitas outras coisas, há quem viva eternamente na sombra e aqueles que facilmente se colocam em bicos de pés.
"Processo inversamente proporcional ao número de pixéis"
hum...esta deixa-me a pensar deveras...
q tal..."as aparências iludem?" ou as iludências aparudem???
ah pois é!
(não sei s isto t faz algum sentido, mas foi o q m ocorreu espontaneamente ao ler o poema...resumidamente, é claro, ficava aqi a noite toda:P)
ah,
e sim,
gostei muito:D
Estava a pensar no que responder ao teu comentário, até que me surgiu uma ideia original:
Estava eu a pensar na resposta ao teu comentário, enquanto fui passear a minha loira, solta. No seio da minha deambulação a seis patas, comecei a divagar na resposta até que oiço: - 'Olha, o cão, olha o cão'. E vejo ovelhas a fugir de um monte de pêlo loiro saltitante e flutuante no ar. E eis que ao começar a gritar (pelo medo de a coragem de uma das minhas melhores amigas se tornar dor): 'Goldiiiieeeee, Goldiiiiiieeeee!' interrompi o raciocínio de que o poema 'indigerível' tinha sido tão bem dissecado de uma forma muito próxima daquela que tinha sentido e pensado quando o escrevi, há já mais de 2 anos. Engraçado os efeitos das digestões, neste caso no seio da novidade inesperada de ver ovelhas em Lisboa........
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