sexta-feira, março 30, 2007

TARDES EM ITAPOÃ

Doce balanço
Bossa Nova no ar
Leve brisa que roça
Onda sem pressa
Espuma fecundadora
Ao fundo galga a silhueta
Apaga trilhos de areia
Sem reboliço dança
Sol sonolento desperta
O céu manto lunar
Azul calmo
Laranja exaltante
Vermelho apaixonante
Rosa desinibido
Provocador lilás
Caleidoscópio divino
Verde moldura incompleta
Ressalta-nos os olhos
Na enseada varanda
Madeira pontão
Rede branca suspensa
Calções azul sol-russo
Eu
Tu
Nos meus braços
Pele com pele
Ao de leve
Beijo-te a testa sol-colorida
No umbigo desenho-te
Marotas cócegas
Mãos comungantes
No silêncio humano
Esvaio-me
Envolto em recreio
Mata viva
Peixes pulando
Mar ancorado
Sem ontem
Nem amanhã
Relógio ou compasso
Entre estrelas recém-acordadas
Vadiando.
O tempo numa escada rolante
Só por vezes…
Em poema imaginado pincelar
As nossas tardes e Itapoã…

(13 de Fevereiro de 2007)
The more I see
The less I know
The more I like to let it go
HEY OH
JORNAL DA TARDE: UM BIG BROTHER

Um estroma (universal?) de mesquinhez... Mesquinhices que nem sempre nos tocam, mas que impregnam o mundo à nossa volta e nos tagenciam constantemente. Mas fora do seio da lingua materna, uma felicidade maior, ainda que ingénua.

Eis que... Esta tarde, consu(o)lado de Portugal, Jornal da Tarde, na RTPi: noticia banal, tão banal que não me lembro qual. Seria também por mal ouvir devido a distância? Quase euforico, contente igualmente por ver e ouvir 'bimbos' e tugas,
corri para a cadeira mais proxima do televisor. As tantas, senti-me entrevistado pela Teresa Guilherme: um big brother (mais, à Paris, c'est chic, ahn?!? oh la la! LOL) de lagrimas com requintes de 'pirosice', saudosas, sentidas em Português, a mãe das minhas linguas! Na outra noite, 'sur France3', um turbilhao semelhante perante as ruas de Alfama, o electrico 28, os claustros dos Jeronimos, a torre de Belem, o Douro e a Foz no Porto e o seu mar com o sal - lagrimas de Portugal, a heranca em Goa, no Brasil etc, etc.


Esta-se bem em todo o lado e não se esta bem em lado nenhum. Ansiedade de puto (? com quase 1/4 de século?) de todo o mundo querer ver e experimentar? Ao olhar para tras, sempre assim foi: impertinência em subir os degraus da vida para ver a paisagem um metro e outro mais acima, de um e de outro ângulo e a 360°, e ansiedade de inventar escadas e torna-las rolantes, quando não as tinha, quando um topo era atingido ou quando a escada sua contemporânea se tornava monotona. Afinal, alguém com medo da monotonia e/ou alguém que simplesmente foge? Onde vais parar, puto? Para ja, voltar, e apos... Saudades do agora, do antes e do amanha. Afinal, vais pousar? Talvez queira verificar se a mesquinhez é universal, mas a viagem ainda so vai no seu primeiro quarto...

Não tens remédio, 'feio', 'porco de merda'... LOL

Nota: a falta de assentos é da inteira responsabilidade do teclado. LOL

sábado, março 24, 2007


um 'COMMENT' digno de 'POST'...


...Porque todas as palavras são ínfimas para matar as saudades:


Adormeceste no dia 10 de Fevereiro de um ano que já esqueci, não sem antes suspirares os parabéns ao teu companheiro de toda a vida e lembrar todos quantos te eram tão queridos.


Adormeceste de mão dada emprestando aquela força vital que sempre emprestaste à vida.


Eugénia, nome de arbusto para quem era flor.


Prefiro-te Eugenésica de uma prol que se orgulha de ti e das tuas acções.


Enquanto (Eu)genearca moldaste-me com a tua forma de emanar amor e carinho; com a simplicidade da tua filantropia e compreensão; com a ajuda à pobreza e tristeza; dando tudo o que se tem quando não se tem nada.


Emprestaste-me a tua sensibilidade e por isso perdi a vergonha de chorar, o teu estoicismo e por isso ganhei a força para lutar contra a adversidade, a tua simplicidade e por isso admiro o trivial, a tua força de vida e por isso luto até à exaustão.
Nasci de ti, sou parte de ti e percorro os teus trilhos porque sei que será sempre o melhor caminho.Foste citadina por obrigação e aldeã por vocação.


A cidade violentou-te e dilacerou-te as entranhas. Retirou-te o doce odor das giestas e o fino cantarolar das ribeiras.


Enquanto o teu corpo percorria a cidade o teu sonho corria para a aldeia.

Representavas um papel que não querias num teatro que não desejavas.


Finalmente, juntaste corpo e sonho e repousas tranquila.


Bem hajas!

quarta-feira, março 07, 2007

FELICIDADE

Não me peças, amigo
Felicidade documentada
Ela não se disseca
Não tem como nem porquê
É música sem pauta
Vibra no silêncio
No olhar flutua
Corrói paredes
Raízes inunda
Pára o ponteiro
Toca o lábio na orelha
Dissolve o bem e o mal
Contenta-se do nada
De tudo se alimenta
E se felicidade
Parecer faltar
Sobrevive o sonho
Resiste a memória
Concretos ou virtuais
Sempre reais…
Até ao próximo degrau
Ou à chave de outra escada!

22 Fevereiro 2007